PiraporinhaFilmes

5 de outubro de 2010

Batman - O Cavaleiro das Trevas

O universo das adaptações de quadrinhos para os cinemas jamais será o mesmo após “Batman - O Cavaleiro das Trevas”. Que as histórias do Homem-Morcego são mais sombrias do que as de heróis como Super-Homem, Homem-Aranha e X-Men todo mundo já sabia, mas jamais um filme baseado em HQs havia se arriscado em trazer a tona o que há de mais escondido na mente do homem. “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”, diz Harvey Dent (Aaron Eckhart) em frase que basicamente resume o filme.
Diferentemente do que se podia esperar após a última cena de “Batman Begins”, com Gordon mostrando ao herói uma carta de baralho, Batman e Coringa não monopolizam “O Cavaleiro das Trevas”. A figura do promotor Harvey Dent é tão importante quanto a dos personagens mencionados. Dent é o novo rosto da lei e da ordem em Gotham, é o herói que não precisa usar máscaras para combater o crime. E é justamente o fato de não usar máscaras que fará com que Bruce Wayne/Batman apóie o promotor de forma irrestrita, passando por cima inclusive do ciúme que sente do namoro de Dent com Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes no papel).

Batman vê Dent como o herói que Gotham precisa e cujo sucesso na luta contra o crime poderia levar a sua aposentadoria. Mas os planos do herói em levar uma vida normal serão adiados com o surgimento de um vilão nada usual, que não segue regras.
Coringa é um elemento do caos, um vilão que não quer ganhar dinheiro, mas sim ver o circo pegar fogo. Com origem desconhecida, o vilão comandará uma onda de violência que aterroriza toda Gotham. Sua anarquia é tamanha que chega a deixar o próprio Batman sem saber o que fazer. “Não quero matá-lo. Por que faria isso? Para voltar a matar criminosos de rua e gângsters? Não, isso é muito chato”, diz Coringa ao Homem-Morcego.
O Coringa apresentado em “O Cavaleiro das Trevas” é justamente o dos quadrinhos, aquele que ao mesmo tempo em que gargalha deixa todos aqueles ao seu lado aterrorizados. Muito diferente do trazido por Jack Nicholson em “Batman - O Filme”, de Tim Burton. O desempenho de Nicholson foi marcante, mas aquele personagem era muito mais o “Coringa por Jack Nicholson” do que o vilão dos quadrinhos. O Coringa de Heath Ledger, que morreu alguns meses antes de ver seu trabalho concluído, é indescritível.

A performance do ator australiano entra para a história como uma das melhores e mais impactantes atuações como vilão da história do cinema. O desempenho de Ledger foi tão marcante que logo após as primeiras sessões do filme para a imprensa iniciou-se uma campanha para premiá-lo com um Oscar póstumo, o que não seria nada injusto.

A emoção em torno da perda de Heath Ledger não pode tirar o foco também da atuação de Christian Bale. O ator, que já havia arrasado em “Batman Begins”, aparece ainda mais seguro neste segundo filme. A armadura do Homem-Morcego caiu como uma luva em Bale, nos fazendo esquecer das performances vexatórias de Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney. Em “O Cavaleiro das Trevas”, Bale mostra ao público pela primeira vez na franquia aquilo que Rachel destacou no final de “Begins”, que Bruce Wayne e Batman não são um só, que existe o sujeito mascarado e o playboy. O ator desenvolveu, inclusive, um tipo de tom para cada personagem. É notável a diferença na voz de Bruce para a de Batman.

Além de marcantes atuações de Bale,
Ledger e Eckhart, e da boa e bela presença de Maggie Gyllenhaal, o elenco do longa conta ainda com as voltas de Gary Oldman como o comissário Jim Gordon, Michael Caine como o mordomo Alfred, Morgan Freeman como Lucius Fox, e Cillian Murphy como o Espantalho.


A direção ficou mais uma vez sob a responsabilidade de Christopher Nolan, que também assina o roteiro ao lado do irmão Jonathan Nolan e de David S. Goyer. Nolan representa para o Homem-Morcego o que Bryan Singer representou para os X-Men, ou seja, um diretor de dramas elogiados que de uma hora para a outra resolveu realizar uma adaptação de quadrinhos. Assim como Singer, Nolan sabe mesclar momentos de entretenimento puro com sérios conflitos pessoais. Torcemos apenas para que Nolan não faça como Singer e abandone a franquia antes de um desfecho final, o que, felizmente, parece que não irá acontecer uma vez que tanto o cineasta quanto Bale já revelaram o interesse em seguir na franquia.
Um dos principais acertos de Christopher Nolan em “O Cavaleiro das Trevas” foi optar por não criar Gotham dentro do estúdio, como ocorre em “Batman Begins”. O cineasta preferiu filmar Chicago como Gotham, aumentando as opções de ambientes

Acabou aquilo de praticamente só mostrar um prédio, a Torre Wayne, como acontece no anterior. No novo filme, a cidade é quase uma personagem, cuja felicidade vai acabando. O longa começa com a cidade numa claridade jamais vista na franquia e com o decorrer do tempo vai ficando mais sombria, assim como alguns personagens.
The Dark Knight” (no original) é um filme que merece ser visto e revisto nos cinemas e posteriormente ser adquirido em DVD ou Blu-ray. A única coisa a se lamentar é o fato de nós brasileiros não podermos conferir o longa em salas IMAX, uma vez que a primeira sala neste formato no país ainda está em construção, em São Paulo.

Seis seqüências de “Batman - O Cavaleiro das Trevas” foram rodadas com câmeras IMAX, inclusive os seis minutos iniciais.

Esta foi a primeira vez que um filme de grande orçamento foi filmado parcialmente com câmeras IMAX. Só para esclarecer, a IMAX Experience® será exibida em IMAX DMR (letterbox), enquanto as cenas filmadas com câmeras IMAX em filme de 15/70 mm se expandirão verticalmente para preencher a tela do IMAX inteira, com até oito andares de altura, para gerar uma experiência inesquecível no cinema.

Este segundo “Batman” D.C. (leia-se, depois de Christopher) foi o último trabalho finalizado por Heath Ledger. O brilhante ator poderá ser conferido ainda em “The Imaginarium of Doctor Parnassus”, de Terry Gilliam, mas não chegou a concluir o projeto, sendo substituído por Johnny Depp, Colin Farrell e Jude Law (você não leu errado, os quatro atores interpretaram um só personagem). O Coringa de Ledger passa todo o filme querendo “colocar” um sorriso na cara dos demais personagens, mas no final quem sai sorrindo é o espectador.







Por:Valter Andrade





0 comentários:

Postar um comentário


Direitos Autorais Registrados: Creative Commons - Proibida Cópia


tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee tim berners-lee

 
Powered by Blogger