PiraporinhaFilmes

20 de julho de 2010

Busca Implacável

Bryam escuta, pelo celular, o momento do seqüestro de sua filha por uma gangue especializada no tráfico de mulheres. Agente aposentado do serviço secreto, Bryan tem de enfrentar o primeiro desafio, que é a distância entre Paris, local do seqüestro, e Los Angeles, aonde se encontra.

"Não sei quem você é. Não sei o que você quer. Se for resgate, vou avisando, não tenho dinheiro. Só tenho a habilidade adquirida em uma longa carreira nas sombras. Habilidade que faz de mim um pesadelo para gente como você. Se soltar minha filha agora, tudo estará resolvido. Não irei atrás de você; sem procura nem perseguição. Se não soltar, vou atrás de você, e vou encontrá-lo. Acabo com você." Pra mim um dos melhores!
obs: Isso vai soar machista, mas aproveitando a deixa do tópico: Esse filme mostra o quanto as mulheres podem ser ingênuas, frágeis e incapazes, e como os homens podem quase tudo!



Uma vez ouvi dizer que os filmes mais complicados de se escrever sobre eram exatamente aqueles que não são nem excelentes e nem horríveis. Nesses casos, há muito que ser dito, para o bem ou para o mal. Em um filme regular ou somente bom, nos limitamos a comentar as atuações e o roteiro, já que nada de inovador é mostrado com a direção. É o caso deste Busca Implacável, de Pierre Morel, último filme do diretor, e talvez o único famoso. É a história de Bryan Mills, um ex-agente da CIA que, após se aposentar, decide compensar o tempo que deixou de dar à família. Por ter sido um agente excepcional, o casamento com Lenore foi abalado, e aqui já o encontramos separado, dedicando-se exclusivamente à filha que teve com ela, Kim – interpretada pela mesma atriz que fez Shanon em Lost. A menina de 17 anos, até um pouco boba demais, tem uma ligação forte com o pai, e pode-se notar isso em momentos de muito afeto e ternura que demonstram um com o outro.

Bryan se esforça para encontrá-la sempre que pode, um verdadeiro paizão. A trama começa quando Kim decide viajar com uma amiga, Amanda, para um mochilão na Europa. Superprotetor, Bryan resiste até o último momento em deixá-la ir, mas acaba demovido por Lenore. As duas acompanhariam a turnê do U2, passando por diversas cidades, entre elas Paris, Madri e Londres.

Nada de muito especial acontece até o momento do turning point. Confesso que foram esses primeiros trinta minutos (e o trailer destas cenas) que me fizeram assistir até o final. Ao chegar a Paris, as meninas conhecem um rapaz, Peter, que divide o táxi com elas até o apartamento em que ficariam. Logo de cara Amanda delata que estão sozinhas em casa, e o rapaz convida-as a uma festa de faculdade. Ladainha pura. Mal as meninas entram no prédio, Peter faz uma ligação que já acelera os corações.

Quando Kim decide finalmente ligar para o pai dizendo que está tudo bem, vemos as cenas angustiantes do trailer. Ela vê dois homens entrando no apartamento e seqüestrando Amanda. Frio e calculista como um verdadeiro James Bond, Bryan aconselha a filha a se esconder debaixo da cama do quarto mais próximo e aguardar. “Agora preste atenção. Eles vão te encontrar, e eles vão te levar”.

Suspense terrível, Bryan ouve do outro lado da linha líderes albaneses sequestrando Kim. O bandido pega no telefone e ouvimos a sentença de morte mais deliciosamente vingativa do filme: “Eu não sei quem você é, eu não sei o que você quer. Se você quer resgate, eu não tenho dinheiro. Mas o que eu tenho são algumas habilidades especiais; habilidades adquiridas em uma longa carreira. Habilidades que me fazem um pesadelo para gente como você (…) Se você não soltar a minha filha, eu vou te procurar, eu vou te achar. E eu vou te matar”.

É então que a versão Chuck Norris de Neeson entra em ação – neste ponto, pensei “ah, vai acabar tudo bem, afinal, ele é o Qui-Gon-Jynn!” (para os não-geeks, o mestre de Obi Wan Kenobi/Ewan McGregor de Star Wars). Como era de se esperar de um agente da CIA, Bryan demove o mundo para resgatar sua filha. Ele vai a Paris e encontra um antigo amigo corrupto, e ameaça até mesmo a família dele para que a menina seja salva. Com agilidade e esperteza típicas de um veterano – tanto no sentido figurado quanto pelo próprio ator, já acostumado com esse tipo de papel – Bryan vai conseguindo pistas, disparando tiros e socos até encontrar a garota.

Os diálogos são curtos e diretos, dando bem a ideia de que este não é só um agente da CIA, mas é um pai desesperado. Um homem que não hesita em abusar da violência e o que é pior: mostrando-nos que em alguns casos ela não é gratuita. Talvez este seja o grande mérito do filme. Recentes acontecimentos aqui no Brasil me dão agora a certeza de que algumas pessoas não podem sair impunes (rest in peace, Glauco e Raoni).

Mesmo sabendo que a viagem das meninas não é tão absurda quanto o pai-coruja quer acreditar, o que acontece a elas é realmente assustador. Por já ter vivido experiências semelhantes (como contado nos posts de O Albergue Espanhol e Ele Não Está TÃO Afim de Você), e também por saber que essas coisas são reais e realmente acontecem, sei que quando chegamos sozinhos em algum país diferente, temos a tendência de conversar com todos, ir a lugares muitas vezes duvidosos e dar atenção a quem não mereceria se estivéssemos em casa. É um filme emocionante e chocante, com sequências de ação nervosas, mostrando que o roteiro de Luc Besson cumpriu bem seu papel até aqui.

Talvez o defeito tenha ficado para o modo como Morel terminou o filme. A partir de um determinado momento, sentimos que ali deveria ser o final, e não a maneira como ele realmente acaba. Enquanto o longa inteiro teve ritmo frenético, a escolha por acabar com o mesmo tom da primeira meia hora simplesmente não combinou. Fiquei com a sensação de que não foi a melhor solução, e de que ficou tudo bem muito de repente.

Além disso, apesar de ser uma verdade incontestável as atrocidades que jovens turistas passam na mão de sequestradores e contrabandistas na Europa, esta é uma visão que denuncia com muita parcialidade, exatamente por Kim ter sido salva pelas mãos de um ex-agente da CIA. Se este filme não fosse hollywoodiano, talvez não tivesse acabado nada bem. Não é uma visão cética, denunciante do que realmente acontece, mas sim uma visão moralista e, como eu disse acima, absolutamente parcial

1 comentários:

Aline Oliveira disse...

Esse filme é muito bom, adorei!

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