PiraporinhaFilmes

28 de julho de 2010

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus

O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS (The Imaginarium of Doctor Parnassus, França, Canadá e Reino Unido, 2009) ****

Dirigido por Terry Gilliam. Com: Heath Leager, Christopher Plummer, Lily Cole, Verne Troyer, Tom Waits, Andrew Garfield, Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrell.
Nas escuras ruas de Londres, um grupo de teatro itinerante, a bordo de um palco que se transforma num meio de transporte, tenta ganhar a vida em apresentações de diálogos pomposos e na introdução de seu mentor, o Dr. Parnassus (Plummer). Ganham-se algumas moedas, que são insuficientes para as necessidades básicas. Contudo, os acontecimentos a seguir, coincidentes ou não, mudarão drasticamente o rumo dessas pessoas.

Na trupe, além do personagem que dá nome ao filme, tem-se Valentina (Cole), a jovem neta de Parnassus, que deseja sair daquela vida para viver num apartamento típico de revista de decoração, Anton (Garfield), um ex-menino de rua apaixonado pela garota, e Percy (Troyer), um anão com bons conselhos a dar. Completa o grupo, posteriormente, Tony (Ledger, originalmente), um sujeito sem memória, que foi encontrado em vias de se matar, mas salvo e pelos artistas. Esperto e carismático, ele atrai a instantânea atenção de Valentina e o profundo desprezo de Anton.

A história começa mesmo é no passado, quando Parnassus fez um pacto com o diabo, de nome Nick (Waits), buscando a vida eterna. Esse benefício tem um alto preço, que o infame personagem aparece cobrando no presente.

O elemento central da história é um espelho que fica no centro do palco. Se ultrapassado, um novo mundo será descoberto, partindo da imaginação daquele que entrar. Estranhamente, o visual encontrado nessa passagem é completamente diferente do esperado, com elementos distorcidos em forma e organização.
O roteiro é aberto o suficiente para o espectador se perder facilmente. Apresentados os personagens, não se sabe ainda o que acontecerá a seguir. Nem mesmo com Tony, que parece não ser uma pessoa confiável, de acordo com uma pista encontrada por acaso. As nuvens começam a se abrir quando é revelada a natureza das apostas de Parnassus com o tinhoso, sendo isso jogado bem mais pra frente.

O diretor, Terry Gilliam, que trabalha há muito tempo com roteiros sobre fantasia (o mais conhecido, “Brazil – O Filme” e o recente “Os Irmãos Grimm”, só pra citar dois exemplos), prioriza esse aspecto, enquanto vai decidindo o que revelar sobre sua história. Usa-se muita computação gráfica em cenários surreais.

O público, que antes passava reto pelo teatro, agora começa a interagir com os agora “prostituídos” atores. Tony os convenceu em dar uma nova cara ao espetáculo quando, ao mesmo tempo, deseja conhecer a natureza do espelho mágico. O sucesso é garantido, pois as pessoas preferem se arriscar em encarar o desconhecido, amparadas por um bom orador ou inspiradas em alguém que acabou de realizar a experiência, e se desfazer de todos seus bens materiais.

No elenco, os veteranos já garantiriam o ingresso. Christopher Plummer e o cantor Tom Waits mostram, em seus personagens, que o bem e o mal não são facilmente definidos. Por outro lado, a presença que mais chama atenção é a de Heath Leadger, em seu último filme. O ator não conseguiu completar suas cenas, mas o diretor encontrou uma saída bem coesa para tapar esse buraco: escalou Jude Law, Colin Farrell e Johnny Depp para interpretar Tony, em três momentos distintos, no mundo fantástico.

A indefinição de Gilliam talvez incomode, mas esse é o estilo dele. Por outro lado, o desfecho tem uma solução muito interessante, que satisfaz, mas também deixa um pingo de melancolia.

Quem for conferir “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” deverá estar pronto para o imprevisível e o incômodo. Esperar algo próximo de Tim Burton, que constrói mundos bizarros, porém relativamente aceitáveis, ou focar-se somente em Heath Leadger é pedir para jogar dinheiro fora. A narrativa proporciona muito mais que isso.
Porém, Gilliam tem uma longa história de projetos que não são terminados por, simplesmente, puro azar. O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus tinha cerca de 40/50% do filme feito, mas um sério imprevisto quase põe tudo a perder. No dia 22 de janeiro de 2008, o principal ator Heath Ledger morreu. O desafio a partir dai foi encontrar forças para terminar o filme sem um personagem tão importante para a trama. Então que surgem os amigos Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel. O atores aceitaram terminar o papel por Heath e incentivaram Gilliam a terminar o filme, que além disso, é praticamente uma homenagem ao ator.




O Piraporinha filme Faz uma A homenagem Heath , Por Daniel Day-Lewis Numa das maiores premiação do oscar.Enquanto acabo de organizar os resultados da promoção Coração de Pedra, aproveito para compartilhar o momento mais emocionante da cerimônia de premiação do SAG Awards, o Sindicato de Atores dos EUA, ocorrida ontem. Trata-se do belo discurso de Daniel Day-Lewis, talvez a maior barbada do Oscar 2008, que ganhou o prêmio de Melhor Ator graças à sua atuação em Sangue Negro de Paul Thomas Anderson. Nele, Day-Lewis faz uma homenagem a Heath Ledger, ator que, como bem definiu o crítico do NY Times A.O.Scott, infelizmente não teve tempo para tornar-se "o ator surpreendente, estranho e definidor de uma era que sempre teve o potencial de ser".


Estou muito, muito orgulhoso desse prêmio. Muito obrigado por darem-no a mim. E estou muito orgulhoso por estar incluído no grupo composto pelos atores maravilhosos deste ano. Sabem, desde que me entendo por gente, a coisa que sempre me despertou um senso de deslumbramento, de renovação, que me levava a perguntar como tal coisa era possível, e que me desafiava a entrar na arena mais uma vez, com expectativa e auto-questionamento, tentando me equilibrar, sempre foi o trabalho de outros atores. E há muitos atores hoje aqui, incluindo meus colegas indicados, que me despertaram este sentimento de rejuvenescimento e... (pausa). Heath Ledger me despertou isso".Em A Última Ceia, aquele personagem que ele criou, que parecia um ser deformado, escondendo-se de si mesmo, de seu pai, de sua vida, escondendo-se até mesmo de nós... e mesmo assim queríamos segui-lo, mas tínhamos medo de fazê-lo. Foi ímpar. E, claro, O Segredo de Brokeback Mountain, no qual ele estava inigualável, perfeito. Aquela cena no trailer no final do filme é tão comovente quanto qualquer outra coisa que eu consiga me recordar. E quero dedicar [este prêmio] a Heath Ledger. Muito obrigado".

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