PiraporinhaFilmes

13 de outubro de 2010

Entre o Céu e o Inferno


Lembra de Christina Ricci, aquela que fez Vandinha em "A Família Addams" e participou de "Gasparzinho". Pois é, ela cresceu, filmou com Woody Allen e fez até terror. Ponto. Esqueça os papéis anteriores da atriz e imagine-a loira, devassa, ninfo-maníaca e nua em inúmeras cenas de uma história narrada à base de muitos blues e lições do lendário Son House (1902-1988).
"Entre o Céu e o Inferno" ("Black Snake Moan", 2006) tem tudo isso, uma boa dose de drama e tem também Samuel L. Jackson em grande interpretação na pele de um velho bluesman traído pela mulher amada e pelo próprio irmão. Sem tocar há anos e deprimido, ele descobre sua "missão" ao se deparar com Rae (Ricci), menina que sofreu abusos na infância e não consegue ficar cinco minutos sem transar com o primeiro sujeito aparecer pela frente.
Ao ver o namorado (o cantor Justin Timberlake em sensível performance) partir para a guerra, a garota cai de cabeça em transas, festas e acaba esmurrada por um "amigo" do namorado. Desmaiada no meio de uma estrada, com poucas roupas, ela é encontrada pelo guitarrista, que decide salvá-a, com métodos dignos de exorcismo. Correntes para prendê-a e banho gelados para acabar com o "fogo" dela.
A história no começo pode soar mais uma obra caricata mergulhada em apelação, mas o diretor e roteirista Craig Brewer (de "Ritmo de Um Sonho") trata de dar à trama sensibilidade, e por mais que risadas de canto de boca possam surgir quando Ricci "devora" os homens, o expectador acaba se senbilizando com a situação da personagem.
E quanto a "salvação" imposta por Jackson, é bom saber que o texto não prega a religião. Quem der uma rápida estudada na história do blues logo vai perceber que os negros do Mississipi e seus ancestrais eram religiosos intensos, leitores da bíblia, e que depositavam muito disso até em suas composições. Em relação ao fato de, em certo momento, Jackson ameaçar matar o próprio irmão, não há nada de forçado ou mentiroso. Antigos bluesmen matavam e morriam por amor, baby.


O próprio Magic Slim, que recentemente esteve no Brasil em turnê, carrega uma bala no quadril, vítima de uma discussão cujo motivo foi uma mulher. Não cabe a nós julgar.
E quando todos podem achar que alguma tragédia se aproxima, o enredo dá um giro de 360º e termina de forma sensível e tocante


Infelizmente, por suas cenas "pesadas", o filme não passou nos cinemas brasileiros e chega direto em DVD. Destaque para a trilha sonora repleta de belas canções de blues (incluvise com Samuel L. Jackson competente quando é encarregado de tocar e cantar), na ótima ambientação de época e os figurinos (a cena do show no bar é um retrato fiel dos shows de blues no Mississipi, com todo o suor e animação dos presentes) e as imagens de arquivo de Son House ensinam bastante sobre esse gênero musical padrinho do rock.
No final, "Entre o Céu e o Inferno" tem vários paralelos com o blues. É uma obra sobre redenção, espiritualidade e amor, em que as pessoas precisam espantar seus "demônios" ou simplesmente seguir em frente e conviver com eles.







Ao som do blues sulista, Entre o Céu e o Inferno (Black Snake Moan / 2006) conta com um roteiro diferente e uma trilha sonora maravilhosa.
O nome do filme por si só já bastaria. À medida que se vai mergulhando nos acontecimentos marcantes na vida dos personagens, o longa se mostra muito mais incrível do que se pode imaginar.
Lazarus (Samuel L. Jackson), ou Laz como é chamado pelos amigos é um músico temente a Deus e está sofrendo porque sua mulher o abandonou para ficar com seu amigo. Encontra Rae (Christina Ricci), uma garota cheia de problemas, usuária de drogas e ninfomaníaca que está jogada nestrada toda machucada

.





No intuito de ajudar, Laz a leva para casa e, no decorrer do filme, uma forte amizade começará a ser estabelecida enquanto o velho homem tenta ajudar a jovem a encontrar um caminho. Entre conversas e brigas Laz se revela um homem do blues e ao som do ritmo sulista, o filme tem seu desenvolvimento.





Apesar do excesso de sexo e drogas Rae tem um amor. O jovem Ronnie (Justin Timberlake), um jovem soldado que está indo para a guerra no Iraque.
Cada momento do filme é singular, não apenas pelos acontecimentos, mas também pelas atuações. Craig Brewer acertou ao escolher Samuel L. Jackson e Christina Ricci. No final, o gosto que fica é que realmente “Everything is hotter down south”.











Por: Valter Andrade

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